A culpa te protege de um sentimento ainda mais assustador

No momento em que o outro bate a porta e você se percebe ali sozinho.
No momento em que a sua mensagem fica sem resposta.
No momento em que o outro te diz: “acabou, não quero mais”.
O que é que você sente neste exato instante?
O aperto no peito.
O calor na face.
A tontura.
A dificuldade em respirar.
A vertigem.
A palpitação.
Um grito de socorro abafado.
O choro.
E, para muitos de nós, uma mesma frase estala na cabeça: “a culpa é minha”.
E essa sim, a culpa, não te abandona jamais.
Ainda que você consiga pensar com clareza sobre tudo o que pode ter levado àquela ruptura e não perceba o que foi que você fez de errado, alguma coisa deve haver.
Alguma coisa deve afinal haver ali que você não está vendo.
Algum detalhe.
Algo que você tenha dito.
Algum excesso de sinceridade.
Ou alguma falta.
Um choro inapropriado.
Ou algum sorriso fora da hora marcada.
Algo de errado você deve ter feito. Afinal, não é sempre assim?
Afinal, a culpa não é sempre sua?
E você continua buscando uma explicação impossível.
Algo que consiga dar conta de responder o incontornável.
O intratável.
O absurdo maior.
O que não pode ser pensado e muito menos dito em voz alta: “O outro simplesmente partiu”

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