A dependência do amor nos transforma em reféns da aprovação do outro

O dilema da boazinha.
A história acontece mais ou menos assim:
Você constrói a ideia de que para ser amada você precisa ser boa.
Se não for boa, amada não vai ser.
E, a partir daí, segue a vida.
E você é sempre boa.
Muito boa.

Boazinha demais, como dizia a sua vó.
E com isso o mundo espera de você que você seja sempre boa.
E com isso o mundo espera de você que você nunca grite.
E com isso o mundo espera de você que você não tenha raiva.
Que você dê conta de tudo.

Que você esteja sempre disposta e disponível.
Que você só faça boas ações e tenha bons pensamentos.
E você mesma espera tudo isso de você mesma.
Mesmo quando é muito difícil, você se obriga a só pensar coisas boas e fazer coisas boas.
Afinal, você tem a certeza de que só vai ser amada se continuar sendo a boazinha.
E quanto mais boazinha você é mais o outro espera que você seja e menos atenção ele te dá.

Afinal, você dá conta de tudo e não faz questão de nada.
Que boazinha que ela é.
E assim a coisa segue por anos a fio.
Até que um dia, por uma coisa besta qualquer, você não aguenta e estoura em um ataque de ódio.

E xinga o mundo inteiro.
E fala chega, não aguento mais ser a boazinha!
E o outro nem consegue entender.
Afinal, você sempre foi tão boazinha.
E o outro se afasta.
E você fica sozinha.
E agora sem saber mais quem você é se já não é mais a boazinha.
E eu te pergunto: será que teria um outro caminho pra essa história?

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